A Crise do Século XIV

Em 1301 começa o século XIV que é outra vez um século a andar para trás. É um ano de grandes fomes. E grandes fomes porquê? Porque no século XIII, com aquela expansão toda, foram cultivar terras, desbravar terras que não serviam para dar pão. É claro que os efeitos sentem-se no século seguinte. Essas terras são abandonadas. Mas agora já há muita gente nos casais que quer comer e não tem pão. É o século da peste. É a terrível peste negra, em 1348. Morreu um terço da população da Europa. É o século da guerra. Começa a Guerra dos Cem Anos, começa no meado do século e durou cem anos. Vai acabar já no século XV, em 1457. Portanto, um século de fome, de peste e de guerra, o século XIV, de revoluções, de revoltas e chacinas de populações. Nós também tivemos a nossa revolução, no século XIV, como toda a Europa. Levantam-se os camponeses do Alentejo e aclamam um jovem cavaleiro que se põe à frente deles, que se chamava Nuno Álvares Pereira. O século XIV é um século em que despertam por toda a Europa os espíritos nacionais. Antes do século XIV, um homem não dizia "eu sou espanhol", "eu sou português", "eu sou francês", "eu sou italiano", "eu sou inglês". Não. Eram católicos apenas. Eram filhos da Igreja. A língua universal era o latim. A ideia de cada terra, cada pátria, sua língua, sua comunidade, sua independência, sua bandeira. Olhem, as bandeiras nacionais nascem todas no século XIV. O século XIV era o século das nações. É um século de violência, é um século a andar para trás.

Conferência:
"O Balanço do Milénio"
Professor Doutor José Hermano Saraiva
Escola Superior de Educação de Viseu
29 de Março de 2000


A Peste Negra

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